As exportações do agronegócio gaúcho atingiram US$ 3,6 bilhões no segundo trimestre de 2024, valor 4,3% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. O trimestre abrange os meses em que o Estado foi afetado pelos fenômenos climáticos severos que prejudicaram a logística para as vendas externas. O período coincidiu, ainda, com a continuidade na tendência de baixa nos preços das principais commodities agropecuárias, entre elas a soja, com redução de 15% nos preços médios de exportação. Em termos absolutos, a queda no valor exportado entre abril e junho foi de US$ 158,5 milhões.
Entre os cinco principais segmentos do agronegócio, as vendas do complexo soja (total de US$ 1,47 bilhão; +5,3%) lideraram o ranking, seguido das carnes (US$ 566,76 milhões; -14,9%), fumo e seus produtos (US$ 517,85 milhões; +9,9%), produtos florestais (US$ 378,43 milhões; +13,3%) e cereais, farinhas e preparações (US$ 184,69 milhões; -40,2%). O agronegócio foi responsável por 72,8% das exportações totais do Rio Grande do Sul no trimestre.
No acumulado do ano, as vendas externas do segmento somaram US$ 6,5 bilhões, queda de 12,8% na comparação com o primeiro semestre de 2023, uma redução de US$ 952,2 milhões. Os dados das vendas no segundo trimestre e acumulado de 2024 estão no boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira (22/8). A publicação do Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), foi elaborada pelo pesquisador Sérgio Leusin Júnior e inclui também dados sobre o emprego formal no agronegócio.
Segundo trimestre 2024O avanço nas exportações do complexo soja é explicado pelo aumento nas vendas da soja em grão (total de US$ 1 bilhão; +30,9%), principal produto do setor, que compensou as quedas no farelo de soja (total de US$ 374,70 milhões; -22,8%) e do óleo de soja (US$ 96,88 milhões; -35,0%). "Apesar dos desafios causados pelas enchentes, as estimativas atuais da produção de soja indicam um aumento substancial em relação ao registrado no ciclo passado", ressaltou o pesquisador Sérgio Leusin Júnior.
Outros setores que avançaram em vendas no trimestre foram o de fumos e seus produtos, com o aumento no comércio do fumo não manufaturado (total de US$ 474,21 milhões; +13,6%), e o de produtos florestais, com destaque para a celulose (total de US$ 287,71 milhões; +32,4%).
Nas carnes, o material do DEE/SPGG indica uma queda geral nos embarques, mais intensa nas vendas da carne de frango (total de US$ 327,02 milhões; -11,9%), da carne suína (total de US$ 145,70 milhões; -12,9%) e da carne bovina (total de US$ 62,65 milhões; -24,3%).
Nos cereais, farinhas e preparações, como já era esperado após um período atípico em 2023, a queda no milho foi de aproximadamente 100% em relação ao segundo trimestre de 2023, com vendas de apenas US$ 3,09 mil dólares. O arroz (total de US$ 113,32 milhões; - 28,9%) e o trigo (total de US$ 50,87 milhões; -33,7%) também colaboraram para a redução de todo o segmento.
Em relação aos destinos das exportações, a China permanece na liderança, responsável pela compra de 34,1% do total das exportações gaúchas do agronegócio, seguida da União Europeia (12,7%), Estados Unidos (6,2%), Coreia do Sul (3,4%) e Irã (3,1%).
Primeiro semestre
Entre os cinco principais segmentos do agronegócio, apenas o setor de fumo e seus produtos registrou alta nas vendas entre janeiro e junho de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, com um valor total de US$ 1,1 bilhão (+6,6%). As exportações do complexo soja (total de US$ 1,94 bilhão; -11,7%), carnes (total de US$ 1,08 bilhão; -17,7%), produtos florestais (US$ 718,53 milhões; -5,5%) e cereais, farinhas e preparações (US$ 679,21 milhões; -33,6%) puxaram a queda nos números totais do semestre.
Entre os principais compradores dos produtos gaúchos, o ranking do semestre finalizou com a China na liderança (24,8% do total), com a União Europeia (13,8%), Estados Unidos (6,0%), Vietnã (4,8%), Coreia do Sul (3,8%) e Emirados Árabes Unidos (3,3%) na sequência.
Emprego formal
O número de desligamentos (65.989) superou o número de admissões (47.685) no segundo trimestre de 2024, período de tradicional redução no número de postos de trabalho com carteira assinada no campo por conta da sazonalidade, o que resultou em um saldo negativo de 18.304 postos no agronegócio do Rio Grande do Sul. Em 2023, o saldo negativo havia sido de 8.442 empregos.
"O saldo no segundo trimestre de 2024 foi mais negativo por conta dos números nos setores de fabricação de produtos do fumo, de lavouras permanentes e de lavouras temporárias", explicou Leusin.
Entre os três segmentos que compõem o agronegócio ("antes", "dentro" e "depois" da porteira), o "antes da porteira", que inclui, entre outros, o fornecimento de insumos e máquinas e equipamentos para a agropecuária, registrou a menor perda de postos (-536). O segmento "depois da porteira", composto por atividades agroindustriais, liderou a redução no número de postos (-9.114). O segmento "dentro da porteira", formado pelas atividades agropecuárias, registrou queda de 8.654 postos de trabalho com carteira assinada.
Em junho de 2024, o Rio Grande do Sul contava com 389.335 vínculos ativos de emprego com carteira assinada no agronegócio. O setor de abate e fabricação de produtos de carne, principal empregador do segmento no Rio Grande do Sul, terminou o semestre com 66.948 vínculos ativos de emprego com carteira assinada contra 68.129 no mesmo período de 2023.