A complexidade do mercado de Feijões no Brasil fica evidente em dois depoimentos distintos, recebidos ontem, de um produtor e de um empacotador do Clube Premier.
De um lado, um grande produtor, com plantio anual acima de 2.500 hectares e Feijão estocado perto de Brasília, comentou que está tranquilo quanto à comercialização do Feijão que tem em mãos. Vender hoje a R$ 230/240, depois de carregar esse estoque colhido no ano passado, sob irrigação e mantido em câmara fria, não faz sentido. "Por esse preço, posso vender até o final de abril", raciocina ele. Arrematou afirmando: "Eu não vejo todo o Feijão que a CONAB imagina existir, por isso minha decisão não é emocional, e sim racional". Há muitos produtores com essa mesma estratégia.
Do outro lado, um grande empacotador em Goiás disse que costuma comprar 7 carretas por semana do melhor Feijão disponível. Ele nunca se preocupou em conquistar compradores para pacotes de Feijões de qualidade inferior. Por essa razão, suas vendas caíram para cerca de 3 carretas por semana. "A minha marca é de Feijão extra, e esse Feijão hoje eu comprei por R$ 220/230. Meus concorrentes estão empacotando Feijão nota 7/7,5, adquirido a R$ 160/170, e se estocaram muito nos últimos 15 dias, comprando o que puderam."
Assim, ele não espera que suas vendas melhorem nos próximos dias, pois, lá na gôndola, a diferença de preço está ao redor de R$ 2/2,50 por quilo. O consumidor, que vem sofrendo com a inflação de outros alimentos, migrou para o Feijão mais barato.