Em números: Analisando o comércio global de soja

Uma discussão sobre exportações globais de soja não pode prosseguir sem mencionar o Brasil ou os Estados Unidos, porque juntos eles abastecem 85% do total de embarques a cada ano.

Da mesma forma, "China" e "importações" são frequentemente sinônimos no comércio global de soja porque o país é responsável por mais de 60% das importações anuais.

Mas e os outros clientes? Quem recebe os outros 40% das cargas de soja e como essas tendências mudaram nos últimos anos, especialmente com relação a cada fornecedor?

Essa conversa foi puxada para a vanguarda do mercado, já que os Estados Unidos ameaçaram tarifas sobre muitos de seus parceiros comerciais, que estão contemplando medidas próprias. Isso inclui tanto o México quanto os países da União Europeia, principais destinos para produtos agrícolas dos EUA.

Ao mesmo tempo, a crescente safra de soja do Brasil tem sido cada vez mais capaz de suprir as necessidades globais, diminuindo lentamente a relevância dos exportadores de soja dos EUA.

RESUMO RÁPIDO DA CHINA

A China reduziu significativamente sua dependência da soja dos EUA durante a primeira guerra comercial em 2018, embora isso tenha sido possível na época devido à disseminação de doenças em seu rebanho suíno, o que reduziu significativamente a demanda por ração.

Mas para os exportadores dos EUA, os níveis pré-guerra comercial nunca foram restaurados, e as remessas de soja dos EUA para a China nos últimos três anos civis caíram 12% em relação à média de 2015-2017. A China aumentou suas importações em 13% durante esse período.

Também durante esse período, o Brasil expandiu suas exportações de soja para a China em 51%, menos do que o aumento de 61% nas remessas totais do país. Em comparação, as exportações de soja dos EUA para todos os destinos caíram 2% no mesmo período, pois o foco na demanda doméstica aumentou.

Em média, nos últimos três anos, cerca de 72% das exportações de soja do Brasil foram para a China, em comparação com 76% entre 2015-2017. Essa enorme dependência de um único cliente é talvez a maior vulnerabilidade do programa de exportação do Brasil. 

Cerca de 53% das exportações de soja dos EUA foram destinadas à China nos últimos três anos civis, em comparação com a média de 59% nos três anos anteriores à guerra comercial.

EUROPA E MAIS PAÍSES

Os países da União Europeia são coletivamente a segunda maior entidade importadora de soja, respondendo por cerca de 8% do total global. A UE também é o destino número 2 para a soja brasileira e norte-americana.

Por volta de 2000, a Europa era a atual China do Brasil, consumindo quase dois terços das exportações de soja do país. Essa fatia teve uma média de apenas 7% nos últimos três anos, embora os volumes tenham aumentado na última década. 

As exportações de soja dos EUA para a UE também aumentaram nos últimos anos, embora os volumes médios permaneçam ligeiramente inferiores aos do Brasil. Os países da UE foram responsáveis ​​por cerca de 11% das remessas dos EUA nos últimos três anos.

No entanto, o comércio de soja dos EUA com a UE, que arrecadou US$ 2,4 bilhões no ano passado, pode estar em risco. Bruxelas deve publicar na quarta-feira uma política potencialmente restringindo importações agrícolas tratadas com produtos químicos proibidos na Europa.

Isso poderia forçar os exportadores dos EUA a explorar novos mercados, supondo que as relações comerciais permitam. O México é o segundo maior destino de soja dos Estados Unidos, respondendo por cerca de 10% do total anual, embora ameaças tarifárias também estejam presentes lá.

As exportações totais de soja brasileira são quase 80% maiores em volume do que suas contrapartes dos EUA, mas ambos os países nos últimos três anos exportaram volumes semelhantes para destinos diferentes da China e da UE. Essa diversidade relativamente maior entre os clientes dos Estados Unidos pode ser sua única vantagem atual sobre os negócios em expansão do Brasil.

O futuro das exportações de soja dos EUA pode se tornar menos preocupante se a demanda interna aumentar da maneira implícita pelos mandatos agressivos de biocombustíveis propostos alguns anos atrás.

Mas esses planos, assim como as discussões sobre tarifas, estão em um padrão de espera por enquanto. Isso significa que se a próxima safra de soja dos EUA não for suficientemente grande, os embarques da próxima temporada podem ser espremidos ainda mais.

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