Óleo de soja supera farelo na margem da indústria; milho perde força no mercado interno

O mercado de grãos registrou movimentos distintos nos últimos dias, de acordo com dados do Cepea. No complexo soja, houve uma mudança histórica: pela primeira vez, a participação do óleo de soja na margem de lucro da indústria esmagadora superou a do farelo. Em setembro, o óleo respondeu por 50,3% da chamada crush margin, enquanto o farelo representou 49,7%. Esse resultado reflete recuos mais intensos nos preços da soja em grão e do farelo, ao passo que o óleo registrou desvalorização mais leve, sustentado pela firme demanda no Brasil e nos Estados Unidos, especialmente para uso no biodiesel. A entrada da safra 2025/26 nos Estados Unidos e a isenção temporária das retenciones na Argentina também pressionaram os preços do grão e de seus derivados no mercado brasileiro.


As exportações de milho continuam em ritmo lento: de fevereiro a setembro, o Brasil embarcou cerca de 17 milhões de toneladas
Já o milho apresenta trajetória oposta, com enfraquecimento dos preços no mercado interno. Compradores se mostram retraídos, amparados em estoques suficientes para o consumo imediato, o que reduz a urgência por novas aquisições. Do lado da oferta, produtores concentram esforços na semeadura da safra de verão e negociam volumes menores da segunda safra, ainda armazenada. Nos portos, o câmbio sustenta as cotações, mas os valores seguem abaixo das expectativas dos agentes. Além disso, as exportações continuam em ritmo lento: de fevereiro a setembro, o Brasil embarcou cerca de 17 milhões de toneladas, bem abaixo da projeção de 40 milhões de toneladas feita pela Conab para a safra 2024/25.

O cenário aponta, portanto, para uma inversão relevante na rentabilidade da indústria de soja, com o óleo assumindo protagonismo frente ao farelo, e para um mercado de milho pressionado por incertezas ligadas à demanda externa e ao escoamento da produção.

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