Importação de trigo deve bater recorde

A importação brasileira de trigo deve atingir o maior volume da história neste ano, impulsionada pela redução da área cultivada nos principais estados produtores, Rio Grande do Sul e Paraná. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área destinada ao cereal cairá 13,7% no RS, passando de 1,3 mil hectares (ha) em 2024 para 1,1 mil ha neste ano. No Paraná, a diminuição será ainda mais acentuada, de 28,2%, indo de 1,1 mil ha para 823,6 ha.

No total, a área plantada com trigo no país recua 19,9%. A produção está estimada em 7,5 mil toneladas, 4,5% inferior ao volume registrado em 2024. A menor oferta interna projeta aumento nas importações: de janeiro a setembro, o país deve totalizar a compra de 5,17 milhões de toneladas do cereal, revertendo a tendência de menor dependência externa observada nos últimos anos.

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre janeiro e setembro de 2021 o Brasil importou 4,88 milhões de toneladas de trigo. Em 2022, a quantidade caiu para 4,60 milhões, e em 2023 atingiu o menor volume da série histórica, com apenas 3,18 milhões de toneladas. Em 2024, o total importado foi de 6,6 milhões de toneladas. Se o ritmo atual de compras se mantiver, o país pode chegar a cerca de 7 milhões de toneladas em 2025, superando todos os registros anteriores.

O aumento das importações tem reflexos diretos sobre a produção interna e o abastecimento do mercado. O recuo da área plantada nos estados gaúcho e paranaense é motivado por fatores como custos de produção mais altos, disponibilidade de insumos e condições climáticas desfavoráveis, que impactam a decisão dos produtores sobre a semeadura do cereal.

O cenário coloca em destaque a importância de estratégias para aumentar a produtividade e a eficiência das lavouras de trigo no Brasil. Especialistas alertam que, diante da maior dependência externa, o país precisa equilibrar a produção interna com políticas de importação, garantindo abastecimento e preços estáveis para indústria e consumidores.

Além disso, a Conab reforça que a redução da área plantada exige atenção na logística e na segurança alimentar, já que o trigo é um insumo estratégico para panificação e outros setores da indústria alimentícia. O acompanhamento do plantio e das importações deve ser mantido ao longo do ano para ajustar políticas de estoque e comércio.

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