O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou em Porto Alegre, nesta terça-feira, 15, a oferta de novos contratos de opção para aquisição de até 110 mil toneladas de arroz do Rio Grande do Sul. A medida é uma resposta da estatal ao pedido de ajuda dos produtores gaúchos diante da queda de preço do cereal nos últimos meses.
“Estamos com uma portaria interministerial circulando. Possivelmente, na semana que vem, esteja concluída e publicada. Vamos comprar 110 mil toneladas de arroz, por meio de contratos de opção de venda”, disse Pretto.
A operação ocorrerá com vencimento a partir de agosto. A modalidade de contratos de opção garante ao produtor um valor pré-definido de venda, com a possibilidade, de posteriormente, desistir do negócio se for de seu interesse.
Para contratos com encerramento em agosto, o valor oferecido pela Conab é de R$ 73 para a saca de 50 quilos. Para setembro, a cotação é de R$ 73,48. Para outubro, R$ 73,95. De acordo com Pretto, o cálculo considera um adicional de cerca de 15% sobre o preço mínimo atual.
Contratos anteriores
Os valores estão abaixo daqueles previstos para os contratos de opão disponibilizados pela Conab entre novembro e outubro do ano passado. Na oportunidade, a companhia pretendia assegurar a negociação de até 500 mil toneladas, com investimento de R$ 1 bilhão.
A proposta teve baixa adesão do setor no Estado, que considerava a proposta financeiramente desinteressante diante do alto preço do grão no mercado naquele momento.
Para os contratos de opção de 2024, com vencimento em agosto, a Conab deverá pagar R$ 87,62 a saca, contra os R$ 73 agora oferecidos.
“O momento também é diferente. Quando lançamos o contrato de opção no ano passado, estávamos com o valor da saca, no Rio Grande do Sul, em torno de R$ 110. Hoje, o preço em média que a Conab calcula está um pouco mais de R$ 65”, explicou Pretto, salientando que o cálculo considerou a necessidade de a iniciativa possibilitar uma aquisição maior de arroz.
O presidente da Conab salientou que as cotações foram acordadas com os produtores.
“No final das contas, a gente trabalha um orçamento difícil nessa altura do campeonato”, acrescentou Pretto.
A intenção do governo, de acordo com o presidente da Conab, é de atingir a meta de formação de estoque de 500 mil toneladas, como estabelecido no ano passado. Ainda não está definido a modalidade de compras futuras.
Redução de área
Ainda assim, os produtores cogitam reduzir a área dedicada à lavoura do cereal, para evitar um aumento ainda maior do estoque.
“Devemos passar de dois milhões de toneladas em estoque no país”, disse o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Denis Dias Nunes. “Nos sentimos desconfortáveis para pedir diminuição da área”, salientou, avaliando a ação como necessária.
Nunes também afirmou que os agricultores se sentem “muito insatisfeitos” quando têm de recorrer às ferramentas de governo. “Sentimos uma certa incapacidade de conseguir gerir nossas fazendas”, disse.
Diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva, manifestou preocupação com a eventual paralisação das exportações para os Estados Unidos, em razão da sanção tarifária de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
De acordo com Andressa, “os Estados Unidos é o terceiro maior importador de arroz beneficiado do Brasil, que é um arroz de maior valor agregado, mais bem remunerado. Levamos anos para consolidar essas exportações”.
A diretora afirma que os EUA conseguiriam “diversificar facilmente” fornecedores, enquanto que o Brasil teria dificuldade para “repor esse importante mercado”.