Chinesa Cofco compra mais de US$ 10 bilhões de soja brasileira e reforça dependência de Pequim

Acordos somam quase 20 milhões de toneladas de produtos, incluindo soja e óleo de palma, com valor superior a US$ 10 bilhões; contratos da Cofco foram firmados com grandes tradings na feira internacional da China, segundo a Folha de S.Paulo A estatal chinesa Cofco anunciou nesta segunda-feira (10) a assinatura de acordos bilionários para a compra de soja, óleo de soja e óleo de palma do Brasil, totalizando quase 20 milhões de toneladas e um valor estimado em mais de US$ 10 bilhões (R$ 52,8 bilhões). As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo, com base em comunicado oficial da empresa. Os contratos foram firmados com algumas das maiores tradings globais do agronegócio, entre elas ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus, durante a China International Import Expo (CIIE), realizada na semana passada em Xangai, um dos principais eventos comerciais do país asiático.

Segundo o comunicado publicado pela Cofco em sua conta oficial no WeChat, as compras fazem parte de uma estratégia do governo chinês para garantir segurança alimentar e estabilidade no fornecimento de grãos — especialmente em meio às oscilações no comércio internacional.

Soja brasileira em destaque A notícia reforça o papel estratégico do Brasil como principal fornecedor de soja à China, consolidando ainda mais a relação entre os dois países. Analistas apontam que, mesmo com a redução parcial das tarifas sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos, a soja brasileira continua mais competitiva no mercado asiático. Atualmente, as tarifas impostas por Pequim sobre a soja americana caíram de 23% para 13%, ainda consideradas altas para importadores privados. Isso explica por que as estatais chinesas têm priorizado o produto brasileiro, que chega a custar menos por tonelada, mesmo com os custos logísticos do transporte marítimo. Contexto geopolítico e posicionamento da Cofco A decisão da Cofco ocorre em meio às incertezas nas relações comerciais entre China e Estados Unidos, que ainda enfrentam restrições tarifárias e disputas políticas. Apesar de Pequim ter feito compras pontuais de produtos agrícolas norte-americanos recentemente, o volume permanece modesto e distante do que era registrado antes da guerra comercial. De acordo com a Folha, a Casa Branca afirmou que Pequim se comprometeu a comprar até 12 milhões de toneladas de soja dos EUA até o final do ano, mas os números oficiais ainda não foram confirmados pela China. Enquanto isso, as tradings multinacionais observam com atenção cada movimento das estatais chinesas, especialmente porque acordos dessa magnitude podem influenciar diretamente os preços internacionais da soja e redefinir estratégias de exportação. Impactos no agro brasileiro Para o Brasil, as novas compras representam um impulso expressivo nas exportações agrícolas, especialmente em um momento de pressão sobre os preços internos e de expectativas quanto à próxima safra. O país deve encerrar o ano com exportações superiores a 100 milhões de toneladas de soja, mantendo a liderança global. Segundo especialistas do mercado, os contratos bilionários firmados pela Cofco reforçam a dependência mútua entre Brasil e China: de um lado, o gigante asiático precisa garantir o abastecimento de alimentos e insumos para sua indústria de ração; de outro, o agronegócio brasileiro segue fortemente vinculado à demanda chinesa, que absorve mais de 60% da soja exportada pelo país. Esses acordos também são interpretados como um sinal de confiança no agronegócio brasileiro, apesar das tensões comerciais e ambientais que cercam o setor. A parceria entre Brasil e China segue sendo um dos pilares da balança comercial de ambos os países, e a decisão da Cofco tende a manter o fluxo de investimentos e exportações bilionárias nos próximos anos.


Chamar no Whatsapp